SR SUCESSO (1999) - O primeiro lançamento da nossa própria gravadora
Em 1998 a
gente entrou em estúdio pra começar a gravar um novo trabalho.
Olhando para trás fico impressionado com a capacidade de produção que a gente
tinha na época. Mal acabava um tour e já tinha outro disco pronto.
Capa e personagens feita pelo Ale Montandon, logo da banda de André Dias. |
O grande
lace desse disco foi a pré-produção inteira feita num sítio do pai do nosso
baterista Lips, que ficava perto de Riacho Grande, interior de São Paulo. A
gente passou um tempo compondo algumas coisas, arranjando outras e, principalmente,
tocando juntos. Foi uma época boa. A gente tocava o dia todo e depois saia pra
beber. Tinha um barco, numa represa perto do sítio que também era um bar.
Apelidamos o lugar de Porky’s em homenagem ao filme de 1982.
Quando
chegamos com as músicas prontas pra dar uma passada em tudo no estúdio do Fabinho
Haddad, no Tatuapé, descobrimos que não tínhamos mais baixista. O Edu Lucena
simplesmente saiu da banda e só avisou anos mais tarde, mas essa é outra
história.
Banda: Tuca, Cláudia Lino, Caio Andrade, Ale Cavalo, Lips e Paulão. Foto para o encarte e pôster de Guibur. |
Meu irmão,
André, que cuida do nosso site e loja virtual, indicou o cara que ia se tornar o
dono das 4 cordas (às vezes 5 e outras vezes 6 cordas, o cara é versátil). Tuca
Paiva entrou para a banda na véspera de começar as gravações. E fez uma
entrada triunfal. Chegou ao primeiro ensaio atrasado, bêbado e descalço.
Ficamos putos da vida, mas era o cara certo pra essa porra de banda. Um cara
sem muita memória, porém talentoso pacas.
Gravamos no
Magic Studio o “Sr Sucesso!”, o disco mais dispendioso e com mais horas de
estúdio que fizemos em toda a carreira. Foram mais de 200 horas de gravação
outras tantas de mixagem, masterização. Em torno de 20 mil dólares foram gastos
sem contar a revista que ia encartado o CD.
A grande
novidade é que, como nenhuma gravadora queria lançar a gente, acabei criando a Gabaju
Records. Nossa empresa por onde lançamos tudo das Velhas Virgens até hoje. Ninguém faz isso porque quer, faz porque
precisa. Foi a necessidade que os levou a ter nosso próprio selo.
Meu plano era
transformar as Velhas numa banda com divulgação voltada para internet e meios
alternativos de distribuição. Uma ideia assustadora para a banda. Imaginem,
1998, internet discada, era tudo uma grande incógnita. Paulão achava que nunca
ia dar certo.
O
planejamento foi feito. Uma revista pôster nas bancas junto com um CD foi o
meio alternativo de distribuição escolhido e um site, que seria mais um portal,
com tudo da banda ao alcance do fã que tivesse um computador pra isso.
Pôster que ia encartado na revista. Criação de Ale Montandon. |
Na época eu
tinha uma empresa de história em quadrinhos que nos forneceu toda a experiência
em fazer uma revista, nos juntamos com a editora Brainstore do Eloyr Pacheco (já
que as gravadoras não nos queriam) e lançamos o primeiro álbum de música
inédita nas bancas com uma tiragem de 12 mil exemplares. Antes de qualquer outro, mesmo não levando os créditos é verdade.
Cláudia Lino (Mulher do Diabo) e Paulão (Sr Sucesso). Antes de entrar no palco do KVA. |
Não foi
exatamente o sucesso que eu pretendia. Esperava bater os 70% de vendas, mas vendemos
em torno de 50% da tiragem. O que valeu foi a divulgação bacana que tivemos e lotamos
o KVA (casa de show em São Paulo) num lançamento sensacional com a presença de
Adriana Lessa (atriz da Globo), Luíz Carlini e Célso Viáfora cantando e tocando
com a gente.
Nem tudo
eram flores. Nossa gravadora começou com uma baixa. O jornalista Gabriel Bastos
Junior (o GABAJU do nome da gravadora), morreu pouco depois da gente fechar a
parceria. Ele seria meu sócio nessa empreitada. Uma perda muito sentida, um
carioca que eu acolhi como um irmão em São Paulo.
A música Sr
Sucesso não foi bem nos primeiros shows da turnê. Com o tempo as pessoas
passaram a pedir e acabou virando um dos nossos sucessos undergrounds.
Um disco meio fora da curva das Velhas, tem muitas baladas e temáticas que
fugiam dos nosso dois primeiros trabalhos.
Eram 15 faixas, mas duas foram cortadas por serem covers. A grana tinha acabado e não conseguimos as liberações. As músicas eram: Massagem for Man (cantada pela Sharon nos anos 80) e Jorge Maravilha (Chico Buarque).
Não temos
mais em estoque, a última tiragem acabou em 2018, agora só nas plataformas
digitais.
Muito legal essas histórias!! Leio e já fico na expectative do próximo episódio! Me lembro quando começei a ouvir rock, fui passar as férias em Curitiba, acho que 2001 e meus primos me convidaram para ir a um festival no dia do Rock. Velhas era a última banda. Quando começou o show fiquei abismado com a performance da banda e aquela galera toda foi a loucura! Que demais, me lembro muito bem até hoje!
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