LIVRO - Roxx em "As joias do Javali"
Roxx é uma garota órfã de mãe e abandonada misteriosamente
pelo pai, que a deixou aos cuidados da avó materna.
Ela corre atrás do seu sonho: ser uma guitarrista de rock e
seguir os passos do pai que também era músico. Junto com seu parceiro Silas
montam uma banda e iniciam suas carreiras de artistas.
Quando a garota compra um bicho de pelúcia, parecido com um
que ganhara da mãe na infância, as confusões começam.
Ela não sabe que o brinquedo está recheado de esmeraldas
raras que seriam contrabandeadas.
Os dois amigos que só queriam levar a vida de adolescentes,
estudar e tocar numa banda de rock. Acabam perseguidos
por um mafioso chamado Javal.
Vão contar com a ajudada sorte e de pessoas suspeitas pra
escapar do criminoso e desvendar o mistério das joias roubadas.
Nem tudo é o que parece na vida desses dois adolescentes.
Aqui temos dois capítulos do livro.
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Roxx e as joias do Javali (2017)
Capítulo
XI
Pouco depois, na porta do Barbatana,
Roxx manobra a Scooter. Os dois descem e ela encosta o case com sua guitarra na
parede pra poder estacionar direito. Um sujeito chega perto e abre o case pra
xeretar.
”Que
atrevido!” ¾ Pensa Roxx.
O cara olhando a guitarra, distraído.
Ela chega sorrateiramente e, quase derruba o rapaz quando grita na sua orelha.
¾
PERDEU ALGUMA COISA, CURIOSO?
¾
Não... Não... Só estava olhando! ¾ Ele
tenta se recompor, gaguejando, desconcertado com o grito e a beleza da garota. ¾ É
que eu adoro guitarras e, puxa, é uma Gretsch White Falcon, semi-acústica, uma
guitarra lendária... ¾ Faz a besteira de
encostar na guitarra. ¾ ...Nunca vi uma dessas,
posso...
Não consegue terminar de falar, leva um
soco na cara que o derruba na calçada.
¾
Caramba, Roxx! Por que você fez isso? ¾
Silas não se acostuma com as atitudes intempestivas da garota.
¾
Você não viu? Ele encostou na minha guitarra! ¾ Olha
para o rapaz com ódio. ¾ Ninguém encosta na
minha guitarra!
¾
Poxa, todo mundo quer encostar nessa guitarra. É uma raridade. Quem toca quer
ver como é. ¾ Vira-se para o rapaz e o ajuda a se levantar.
¾
Desculpa ai, cara! É a tpm. Ela fica fora de controle nesses dias.
¾
Tudo bem, acho que mereci.
¾
Calaboca e vamos embora! ¾ Roxx continua ríspida.
Quando eles vão entrar no bar o rapaz a
chama, mais atrevido ainda.
¾ Ei!
Não vai pedir desculpas?
¾
Esse cara tá abusando da sorte. ¾
Fala pra Silas da porta do bar.
¾ Ela
tá falando sério. ¾ Silas fala com o cara,
essas situações sempre o divertem. ¾
Melhor não dar mole pro azar. ¾ Entram
no bar e ouvem o cara de fora.
¾ Também adorei te conhecer!
Roxx manda o dedo médio pra ele, que ri
e sai andando, coçando o queixo.
¾ Belo
cruzado!
Capítulo
XII
Preparam-se para tocar umas músicas
para o dono do Bar.
¾
Cara, esse sujeto não tem o apelido de Barracuda à toa, ele tem a maior cara de
peixe. ¾ Sussurra Silas enquanto monta a bateria do lugar.
¾
Reparou nos dentes afiados? ¾ Roxx murmura baixinho.
¾ Esse cara me deixa assustada.
¾ Sem
essa! Agora que estamos aqui vamos quebrar tudo.
Os dois tocam algumas músicas. Coisas do White
Stripes, Killers e uma música deles. A
dupla está afiada mas não surpreendem o Barracuda. Ele não está interessado na
música, só tem os olhos amarelados para Roxx que se esforça pra não sair
correndo dali. Sentia que havia entrado numa arapuca. O mais correto era dizer
que tinha entrado na toca do peixe.
Barracuda acende um cigarro enquanto
eles começam a desmontar as coisas e fala diretamente com Roxx:
¾ Estou
precisando de uma garota pra entreter meus clientes! Os dois últimos
contratados me davam muita dor de cabeça e prejuízo! ¾
Começou analisando Roxx que se sentiu uma mercadoria. Aquilo estava ficando
cada vez pior.
¾
Sabe como é... ¾ O cara de peixe
continuou. ¾ Eles bebiam mais que recebiam e depois faziam
arruaças! Com você não vou ter esse tipo de problema, não é?
¾
Claro que não. Ainda não temos 18 anos, não podemos beber. ¾
Argumenta Silas tentando melhorar o clima.
¾ E
vocês tem autorização dos seus pais pra tocar em casas noturnas? ¾
Continuou a entrevista sem tirar os olhos amarelos do corpo da garota. Roxx
estava incomodada.
¾ Sou
emancipada. Não tenho esses problemas.
¾ Que
ótimo! Acho que vou contratar vocês. ¾ Sorri
maliciosamente e os olhos amarelos brilham de desejo lacrimoso.
¾
Venha até meu escritório que a gente se acertar os detalhes.
Silas se prontificou a ir também.
¾
Você não, só a garota.
¾ Ei,
nós somos uma banda. Ele vai também. ¾
Roxx estranha o som estridente de sua voz. Ela está ficando realmente com medo.
Silas, como sempre, parece não notar a roubada.
¾
Pode deixar, Roxx. Vai lá que eu guardo os intrumentos.
¾ Tá
certo. ¾ Silas não notou seu olhar de súplica. “Homens são estúpidos” pensou a garota.
Roxx entra no escritório, fica quieta
no meio da sala, a porta se fecha atrás dela e se sente dentro da armadilha. “Onde fui me meter”, começa a bater o
desespero.
Barracuda
a espera tomando um drink. Roxx não é a garota mais experiente do mundo mas
reconhece um cafajeste só de olhar. Em geral, são sujeitos que acham que podem
tudo usando a força ou o dinheiro. Indica uma cadeira para Roxx e fala dando
voltinhas e olhando para ela de cima abaixo. Roxx pressente o que vai
acontecer.
¾
Roxx, Roxx, Roxx, querida. Vamos tratar de negócios.
¾
Esse é o meu nome. ¾ Roxx está
completamente sem graça diante daquele homem suspeito. Só de olhar pra ele já
sabe que deve ter problemas no fígado, aqueles olhos amarelos não mentiam sobre
isso.
¾ Quem
trata dos negócios é o Silas eu só faço o show.
Ele puxa uma cadeira tão perto do rosto
de Roxx que a garota sente seu o máu hálito. Definitivamente ele tem problema
de fígado, pensa a garota.
¾ Mas
eu quero tratar do seu negócio.
Roxx se levanta como um boneco de mola.
Sabia que ia acontecer. Seu instinto quase nunca falhava.
¾
Quero sair agora. ¾ Tentou ser dura. Sua
voz denunciava o medo, e como uma barracuda, aquele homem farejava o medo. Empurrou-a
com rispidez de volta a cadeira. Roxx caiu sentada.
¾
Escuta aqui espertinha! Pra te contratar eu tenho que analisar o material. Se é
que você me entende.
¾ É
só isso? ¾ Ela olha maliciosamente para ele. Barracuda abre
um sorriso de dentes afiados. Roxx sabia que pra sair dali inteira ia ter que
fazer um joguinho.
¾ Ah!
Quer dizer que pra me contratar você quer testar o meu negócio. Claro que
entendo.
¾ Que
bom! Além de bonita, inteligente. Mercadoria rara.
Roxx se levanta e, lembrando-se do
fígado podre, solta um gancho de esquerda bem treinado no lado superior direito
do abdômen do homem. Bem no meio do seu fígado estragado. Os olhos dele quase pularam
da órbita. Não conseguia nem gritar. Um chute entre as pernas do cara de peixe
e ele cai de joelhos no chão.
¾ Parece que hoje você não vai analisar
material algum por um bom tempo.
Antes de sair ela ainda
¾ Ah.
E você é feio. Além de feio burro. Mercadoria muito farta hoje em dia.
Ela
se apressa chamando o Silas que, por uma fresta da porta, vê o sujeito se
retorcendo de dor.
¾ Vamos
embora, rápido! ¾ Roxx puxando Silas
pela camisa e pegando a guitarra. A garota está tremendo.
¾ Pra
já!
¾ Você
dirige, não estou em condições.
As surpresas não param. Quando vão sair
do bar os dois caras de preto estão entrando e se trombam.
¾
Hoje não é meu dia! ¾ Grita a garota. ¾ Tem
que ter sempre um brutamonte na minha frente.
¾
Olha a boca mocinha. ¾ Fala o Carlão já
irritado com a situação.
Enquanto
eles perdem tempo discutindo o Barracuda se recupera e chama os seguranças pra
dar uma prensa nos dois intrometidos.
¾ Que
está acontecendo? ¾ Pergunta ríspido,
Carlão
¾
Acho que não é da sua conta. ¾ Responde, mais
rispidamente ainda, Roxx.
¾ Você
é Roxane, não? ¾ Professor coloca a mão
na boca da garota. Silas vai falar alguma coisa quando Carlão o segura pelo
braço como se fosse um boneco. ¾ Hum…
nome incomum mas condizente com a pessoa! ¾
Continua o Professor.
Roxx, indignada, ataca os dois com uma
fúria tão inesperado que não dá tempo dos homens reagirem. Morde a mão do
Professor e chuta o grandalhão bem no joelho.
¾ Todos
os homens do mundo resolveram tirar o dia pra me aborrecer?
¾
Roxx, vamos cair fora que a coisa vai feder! ¾
Silas vê os outros três seguranças do Barracuda chegando.
Os seguranças do lugar param em frente
aos dois homens de preto. Barracuda chega pouco depois aos gritos:
¾ Peguem
esses dois que eu tenho contas a acertar.
Carlão e Professor bloqueiam a saída.
¾
Ninguém sai daqui. ¾ Carlão sacando a arma.
¾ Que
coisa feia Barracuda. Um senhor de respeito atrás de garotinhas menores de
idade. Isso pode dar cadeia outra vez.
¾
Professor? Que surpresa desagradável. ¾ Gospe
as palavras como um peixe fora d’água. ¾ Isso
não é da sua conta.
¾
Todo mundo pra dentro e ninguém se machuca. ¾
Carlão aponta o 48 pros seguranças que recuam.
¾ A
garota agora é problema nosso, entendeu, Barracuda? Fique longe dela.
¾
Certo, Professor. Pode ficar com ela. Vamos embora rapazes.
Eles
somem na escuridão do bar e Barracuda continua resmungando.
¾
Coitada! Perto desses tubarões eu sou peixe pequeno. Ela não sabe onde está se
metendo. ¾ Sua risada é sufocada por um ataque de tosse.
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