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Mostrando postagens com o rótulo independência

“AO VIVO NO LOVE STORY” – 30 Anos no puteiro! (gravado em 2016, lançamento 2017)

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Como eu disse no capítulo anterior, o ano de 2015 estava acabando e a banda junto com ele. Tudo parecia caminhar para um desfecho pouco glorioso de uma longa carreira quando a Ju Kosso veio conversar comigo. A ideia era achar outro empresário e tentar fazer algo grandioso para os 30 anos de banda que se aproximava. Me deu o telefone de um empresário de Jundiaí que trabalhava com alguns artistas grandes. Agradeci, mas não dei muita atenção. A gente estava tão acostumado a ouvir nosso antigo empresário menosprezar o trabalho da banda que não achávamos possível que houvesse interesse. Cansou de dizer que as Velhas era uma banda muito difícil de vender, que o trabalho era indigesto demais, que a gente só existia porque ele conseguia fazer o “impossível” com o que tinha na mão. Estávamos com a autoestima tão em baixa que nem nos perguntávamos “se o negócio era tão ruim porque não largava?” Isso servia também pra algumas pessoas que passaram pela banda, ficaram um tempo grande e depoi...

ROCK’N BEER TOUR – 25 ANOS (2011) – Entre gim no pingado, bundas boas e bafo de jiboia, Acústico e Elétrico sem tirar de dentro!

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A gente já tinha registro de DVD em São Paulo, interior do Paraná (Ponta Grossa) e Salvador. Onde fazer o DVD que comemoraria os 25 anos de banda? Resolvemos marcar o show no Opinião, em Porto Alegre, dia nove de junho de 2011. DVD 25 anos! Juntamos a grana para fazer as gravações. A produção de vídeo que ficou a cargo do Thiago Montelli e a produção musical com nosso indefectível Paulo Anhaia, todo o desibn e figurino ficaram por conta da Ju Vechi contando com as ilustrações de Weberson Santiago. Usamos todo o conceito dos rótulos das nossas cervejas. Ilustrações de Weberson Santiago e Design/logo de Ju Vechi A grande baixa no dia da gravação foi o Paulo Anhaia. Uma semana terrível para ele com a morte do pai, Seu Carlos Anhaia, muito sentida por todos nós. Infelizmente não dava pra cancelar e tocamos em frente. Apesar de alguns problemas, foi uma noite memorável! O show era dividido em duas partes. A primeira acústica, a introdução era “O Que Somos Nós”,  ...

REVELLION 2001 – Que porra é um CD-ROM?

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Uma pergunta pertinente. Afinal que porra é um CD-Rom? É bem simples, o CD Rom é uma mídia interativa que não chaga a ser um DVD, porém que roda nos computadores que ainda têm um leitor da CD. No começo de 2001 nós resolvemos lançar essa ideia “genial”. Não lembro de outra banda ter feito um produto igual. Puder, a gente devia esta bem bêbados quando resolvemos fazer essa coisa estranhosa. Nosso quarto CD, na verdade é um CD-Rom. Tinha de tudo. Um catálogo de fotos, músicas cifradas dos três primeiros discos, todos nossos clips, um jogo de strip-tease onde uma garota tira a roupa de acordo com que você vai acertando as perguntas e uma surpresa final, tudo isso em uma animação feita sobre desenhos do Ale Araújo. Isso tudo com comentários engraçados ou sem sentido nenhum dos membros da banda. Juro, eu vi o CD-Rom antes de escrever, tinha esquecido o que era! Pra finalizar gravamos 9 músicas de carnaval, quase todas virariam clássicas no nosso show carnavalesco. Tinha, ent...

VOCÊS NÃO SABEM COMO É BOM AQUI DENTRO!! (1997) – Gravando "Abre Essas pernas" e outras sacanagens.

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Para falar desse disco eu preciso voltar um dia antes de entrarmos em estúdio, quando fizemos um show junto com Raimundos em Guarulhos em homenagem aos Mamonas que tinham acabado de sofrer o acidente fatal. Resumindo, o Paulão tomou todas e entrou muito louco, derrubou o amplificador dos Raimundos, não conseguiu fazer o show e ainda caiu de um palco alto duas vezes. A plateia adorou, mas a 89 FM que estava fazendo o evento não gostou nada daquilo. A gente já tinha criado o maior caso por conta da outra gravadora que deu calotes mil e com mais essa, nossa música “Só pra te comer” que estava na rádio foi cancelada. No outro dia tive que ir buscar o Paulão no apartamento dele. Não conseguia nem colocar a cueca de tão dolorido que estava. No dia anterior, movido a álcool, Paulão não sentiu os danos das quedas do palco, só que no outro dia ele estava cheio de hematomas. Com corpo tão dolorido que não dava pra se mexer. 1997 - Cavalo, Edu e Caio. No meio a Cláudia Lino e no outro lado...

SOBREVIVENDO NA INDEPENDÊNCIA - ANOS 90 - UM GUITARRISTA MENOR DE IDADE

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Caio Andrade nos anos 90 Com a saída do Fabiano Pimenta a banda tinha um novo tipo de problema pra resolver. Não era um baterista que a gente precisava, agora era um guitarrista. Não deu tempo de achar ninguém, os shows continuavam e a gente não queria perder nada. Pintou um show no Victoria Pub, no bairro dos jardins em São Paulo. As bandas de trabalho próprio tocavam no porão da casa, na parte de cima tocavam bandas de covers mais clássicas. Assim as bandas tinham que levar seu público. Lembro de ter assistido naquele mesmo porão uma banda estreando em São Paulo que gostei muito chamada Paralamas do Sucesso. Naquele show das Velhas, quem tocou foi um xará do nosso antigo guitarrista, esse de nome Fabiano Jimenez (o Fabá como era conhecido), que na época tocava com os Anjos dos Becos e hoje é um produtor e músico conceituado. Na plateia do show do Victoria estava Caio Andrade, que viria a ser nosso guitarrista durante muitos anos, mas a gente ainda não sabia. Ele foi com o pai...

SOBREVIVENDO NA INDEPENDÊNCIA – Um baterista chamado “Lips Like Sugar” - Fim dos anos 80.

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"Lips Like Sugar" No final dos anos 80 a banda tinha acabado. O legado era uma demo com músicas mal gravadas e muitas brigas. Rancores de todos os lados, frustração dos anos perdidos. Quando a poeira baixou, Paulão e eu marcamos de conversar, éramos amigos, não havia motivo para não nos falarmos. Estava difícil ficar sem tocar, então resolvemos voltar como uma dupla de violão, voz e gaita. Na primeira apresentação choveu tanto que tinha um rio passando no meio do bar com a plateia recorde de duas pessoas. Quando parecia que havia chegado ao fundo do poço a gente dava um jeito de cavar e afundar ainda mais. Nesse momento doloroso apareceu uma solução paliativa – que viria a se tornar definitiva – de onde eu menos esperava. Maurício Nóbrega, amigo da faculdade (sim nós fomos pra faculdade!) falou que tinha um baterista pra tocar com a gente. Marcamos um ensaio. Mario “Lips Like Sugar” Sérgio, apareceu para um ensaio e levou junto Fabiano Pimenta. Eles tocavam numa banda...

SOBREVIVENDO NA INDEPENDÊNCIA - UMA GAROTA CHAMADA CYNTHIA, PRIMEIROS SHOWS E MUITOS BATERISTAS (ANOS 80)

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Foto da primeira formação das Velhas tirada por Márcia Lima (1988) Uma de nossas primeiras apresentações como uma banda em 1986 foi em um palco grande, montado em cima dos vestiários do Colégio Santo Agostinho, na Vergueiro em São Paulo. Tinha um amigo baterista chamado Fábio que estava anos luz na nossa frente e tocava metal. Ele tinha um equipamento legal e pegou outras coisas de amigos e assim montamos um espetáculo para o colégio. Foi um dia de muito trabalho. As duas bandas tocaram e a galera curtiu os shows e a festa. Um pequeno festival. Os padres e diretores da escola não ajudaram, também não atrapalharam. Hoje vejo que foi um ato de confiança da parte deles. Nos deram a chance de sermos um pouco independentes correndo o risco de alguma encrenca. Talvez eles tenham pensado que aquilo podia, de alguma forma, ser didaticamente bom pra gente. E tudo correu bem para alivio dos padres e professores. Todos sabem que para banda iniciante é muito difícil arrumar shows. A gente pa...

SOBREVIVENDO NA INDEPENDÊNCIA - MAIS DE 30 ANOS DE BANDA E AINDA ESTAMOS TOMANDO MAIS CERVEJA QUE REMÉDIO. ENTÃO FLUTUA!

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MAIS DE 30 ANOS DE BANDA E AINDA ESTAMOS TOMANDO MAIS CERVEJA QUE REMÉDIO. ENTÃO FLUTUA!                                 A atual música mais tocada na Van das Velhas Virgens é “ Flutua ”. Um Blues de Johnny Hooker (part. Liniker). E você me pergunta o que essa informação tem de relevante?                 Pra vocês Velhas Virgens podem não ter nada a ver com uma música que fala abertamente de homossexualismo, mas pra nós é o indicativo do ótimo momento de quem de liberdade que a música atravessa mesmo com todo o patrulhamento ideológico e artístico que vivemos. Isso se reflete diretamente no nosso trabalho que versa sobre liberdade. É uma música de quem está feliz, de quem é livre e é um blues!           ...

SOBREVIVENDO NA INDEPENDÊNCIA - Siririca Baby no Paraguai e todo mundo no pelotão de fuzilamento

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Fomos convidados para fazer o Quilmes Fest. Um grande festival que ia acontecer em Assuncion no Paraguai. Tudo certo. Hotel bacana, entrevistas, tratamento vip, passeio pela capital do Paraguai, bandas locais muito interessantes, outras legais do Chile (Los Tetas), do Uruguai. Enfim, um festival para 30 mil pessoas. Descobrimos que uma banda ganhava disco de ouro por lá com uma venda de mil CDs, no Chile eram dez mil e nós com cem mil. Coisas da nossa América latina. Vamos ao que interessa. Nosso show estava indo muito bem. Rock’n’roll em português, eles não compreendia direito a língua, mas a linguagem musical era mais que conhecida para se fazer entender. Fomos bem até o meio do show. Quando começamos Siririca Baby  e o Paulão fez a toda a encenação de masturbação e outras coisas mais despudoradas houve um momento de tensão. Depois desse breve intervalo, que não durou muito, ganhamos o maior coro de “Putos! Putos! Putos!” que uma banda já recebeu na face da terra, no uni...

SOBREVIVENDO NA INDEPENDÊNCIA - Entre putas, hot-dogs e a morte

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Essa era a banda em 1999 quando gravamos "Estar Só" para o disco "Sr Sucesso" Tinha um bar ao lado do posto de gasolina que ficava na esquina da Rua Augusta com a Caio Prado que a gente chamava, carinhosamente, de “Bar das Putas”. No posto tinha um dogão onde, Gabriel Bastos e eu, devorávamos os lanches quase toda madrugada, na vã esperança de recobrar as forças e continuar noite à dentro. Depois da balada inicial que acabava por volta das duas a gente partia pro dogão e tomar algumas no “Bar das Putas” e depois cair para os recantos mais sórdidos da cidade atrás de desventuras, bebidas, sexo fácil e outras drogas legais e ilegais. Gabriel era meu melhor amigo. Não deixamos de ser amigos, ele morreu muito cedo. Nessa época éramos unha e carne. Ele jornalista e eu músico. Vida boêmia. Diariamente na noite. Quando se é jovem acha que nada pode acontecer, uma sensação de imortalidade e ao mesmo tempo de urgência. A gente queria estar em todos os lugares ao mes...

SOBREVIVENDO NA INDEPENDÊNCIA - HQ das Velhas - sobrevivendo através de outros produtosCapa

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Na segunda estive com alguns amigos de bandas novas que estão sofrendo as agruras de um trabalho que se inicia. Lembro bem de como foi começar bandas, quanto é complicado. Na mesma semana li um longo artigo falando das novas bandas inglesas e como era a vida de seus integrantes. Um dia lotavam uma casa com 3 mil pessoas e no outro estavam trabalhando nas mais diversos trabalhos. Isso não acontece com outras profissões. Conversava com meus amigos justamente sobre isso. Um engenheiro, na maioria das vezes, trabalha dentro do seu escopo profissional e ganha para isso. Mesma coisa com dentistas, médicos e tantas outras profissões. Aparentemente com profissionais de música isso não acontece, o cara, para pagar aluguel, comida, enfim as contas, precisa trabalhar em diversas outras coisas. Não estou aqui pra me lamentar, muito menos para esconder a realidade, estou aqui pra discutir possíveis soluções. Creio que um caminho seria transformar sua música, sua banda, sua carreira em uma empres...

SOBREVIVENDO NA INDEPENDÊNCIA - A covardia dos que querem viver

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Em julho de 2017 iremos lançar o 5º DVD de show ao vivo das Velhas Virgens. Esse foi gravado no Love Story, uma ideia que a gente vinha acalentando fazia muito tempo e agora se tornou realidade. Apesar da alegria do novo rebento, sentimentos muitos distintos e contraditórios se afloram em mim. Por um lado tem o meu orgulho particular de fazer parte de um belo trabalho. O disco está com ótima produção de som, luz e imagem., Está bem tocado, dentro dos nossos parâmetros, é claro, Tem show de lançamento marcado, data de estreia na TV, projeto para youtube e mídias digitais pronto. Tudo muito correto e contemporâneo. Por outro lado ficou uma sensação finalizar um ciclo. Confesso que fiquei bastante assustado. Nunca tinha pensado nisso seriamente, mas será que chegou a hora de parar? Será que já cumprimos nosso papel e agora temos que partir pra outras aventuras? Estou chegando nos 50 anos, uma idade em que não sou um completo velhote, mas estou longe de ser um garoto no auge da forma...

SOBREVIVENDO NA INDEPENDÊNCIA - Primeiros passos.

Quando era garoto, lá no final dos anos 70, eu ouvia um monte de discos que meus amigos e eu conseguíamos comprar com grana economizada de lanches e conduções escolares. Dia desses morreu o Chris Squire baixista e fundador do Yes e me lembrei de um disco que eu adorava: Close To The Edge. Eu ia na casa de um camarada que tinha muitos discos e um aparelho de som de primeira, na verdade o aparelho era do pai dele mas o velho trabalhava de dia e a gente aproveitava. Foi lá na bela casa do Luíz no pé da serra da Cantareira que ouvi esse disco pela primeira vez. Gravei e desenhei na fita aquele logo gordinho do Yes que era tão legal. Pra quem tiver paciência olha o link para ouvir o disco. Ele precisa de algumas (muitas) audições pra que possamos amar essas músicas. Fazia muito tempo que eu não ouvia e fiquei impressionado como me lembrava de todas as melodias e de muitas partes das letras mesmo 35 anos depois. Tive uma conversa com o Paulo Anhaia e me disse que as coisas que aprendeu q...