CUBANAJARRA (2005) - "QUERO TE VER GOZAR PELO CU" CAUSA POLÊMICA, DISCÓRDIA E QUASE O FIM DA BANDA

CUBANAJARRA - 2005 - Paulo Anhaia volta pra produção e Lili entra como vocalista

Vou contar uma história curta que desvenda o misterioso nome do disco:

Paulão e eu fomos num show do “Made” em um bar no Ibirapuera, zona sul de São Paulo. Começamos a beber e o barman, cansado de fazer tanta cuba, pegou a jarra do liquidificador encheu de rum com coca-cola, gelo e limão e deu pra gente. Tomamos a jarra, demos pra galera quando fomos fazer uma participação no show. Enfim, a cagada toda. Cheguei em casa mal, vomitei, quase morri e jurava pra minha mulher que só tinha tomado um drink. Ela ficou preocupada, achou que eu tinha sido envenenado, queria me levar pro hospital. Eu não estava mentindo, foi um drink, só não falei que era uma jarra de cuba. Daí nasceu o nome do navio pirata. Era uma época que a pirataria estava tomando conta da indústria e, como a gente vivia muito à margem dela, resolvemos embarcar nesse navio e piratear também!

Paulão de capitão pirata do Cubanajarra

Em 2005 começamos a fazer o Cubanajarra. O disco anterior, de gravação razoavelmente tranquila, tinha uma temática menos agressiva e isso foi bom pelo lado da crítica, tivemos uma boa repercussão, mas o Paulão sentiu falta de voltar um pouco mais às origens da banda e Cubanajarra tem um pouco disso. Um disco bem cru na produção, com músicas mais diretas com uma direção forte do vocalista.

Esse disco marca a gravação das primeiras músicas da nova vocalista, a japinha Lili, que nos acompanhou por bons 5 anos.

Lili, nossa vocalista teen!

Apesar disso a confusão começou logo nos primeiros ensaios. Havia duas músicas polêmicas:

“Esse seu buraquinho” (que hoje é uma das nossas músicas mais ouvidas nas plataformas digitais) e “Quero te ver gozar pelo cu”. As duas com óbvia mesma temática.

Esse seu buraquinho - Gravação ao vivo no Love Story.

No processo criativo, Paulão e eu conversamos muito sobre ideias gerais e depois chegamos com as músicas. Elas passaram por uma votação prévia e fomos ensaiar com umas 18 músicas. Depois de passar com a banda todas essas músicas, junto com nosso produtor Paulo Anhaia (ele volta nesse disco a produzir a gente), escolhemos as 13 canções que comporiam o repertório final. “Esse seu buraquinho” passou raspando e “Quero te ver gozar pelo cu” ficou na repescagem com outras músicas e acabou entrando depois de muita briga. O argumento final foi do Paulo Anhaia que, revestidos do seu poder como produtor e grande influência pra gente, colocou a música no disco.

Gravamos tudo, porém o Lips se recusou a gravar “Quero te ver gozar pelo cu” (a bateria é tocada pelo Próprio Anhaia). A recusa azedou a relação com Paulão. Depois de uma briga que havia acabado momentaneamente com as Velhas Virgens, o baterista acabou saindo da banda e retomamos as atividades.

Banda para fotos da Tour Cubanajarra

Pelo meu lado, cometi alguns erros comerciais e empresarias para a banda e me culpo um bocado por conta disso. Assinamos um contrato bastante desfavorável com uma empresa de venda de shows e outro ainda pior com uma distribuidora. Isso encurtou a vida do disco físico. Ele tem uma tiragem única de 4 mil cópias e resolvi não fazer mais até o final desses contratos. Quando os contratos acabaram os CDs já estavam em seus últimos dias e não valia a pena fazer mais, o lance era tocar a bola pra frente. Esse é o único disco das Velhas que deu prejuízo. As vendas não pagaram o estúdio. Entretanto a banda, apesar de todas as brigas, estava indo bem em relação aos shows e isso segurou as coisas.

Aprendi muito em relação à administração de carreira e da gravadora, mas insisti em alguns equívocos que foram cruciais para os 10 anos da banda que se seguiram. Sempre que a gerência da banda escapou um pouco das nossas mãos as coisas saíram dos trilhos e foi esse o caso. A gente podia estar em outro patamar hoje e tenho essa dívida com as Velhas, mas essa é outra história!