“NINGUÉM BEIJA COMO AS LÉSBICAS” (2009) - "A BOCA, A BUCETA E A BUNDA" E OUTRAS TRETAS
Pôster da Turnê. Design e logo de Ju Vechi, ilustração de Weberson Santiago. |
Ilustra de Weberson Santiago |
Velho Safado - Animação de Weberson Santiago
Como sou eu que cuido de toda essa parte artística de desenvolvimento de projeto, conversei particularmente com Paulão e Fabinho, ouvindo os argumentos e argumentando tentando chegar numa solução em que todos conseguiriam trabalhar. Falhei vergonhosamente. Fabinho não quis gravar o disco. Saíram farpas entre todos e ele largou o projeto. A gente tinha que chamar alguém que tivesse coragem de encarar o repertório, conhecesse as músicas e fosse bom o suficiente pra fazer o disco. A resposta era Paulo Anhaia. O problema era que o Paulo estava num momento espetacular da carreira. Produzindo um monte de coisa no estúdio Midas e ganhando prêmios internacionais. Enfim era um cara caro demais pra nós. Lá vou eu com as músicas embaixo do braço e a missão de convencer o Paulo a fazer a produção. Foi muito mais simples do que eu esperava. Mostrei as músicas e ele curtiu. Como já era um cara experiente, encurtou o assunto perguntando o quanto de grana eu tinha pra fazer o disco. Ele sabia que esse era todo o problema. Expliquei, dando voltas, que a gente tinha falado com o Fabinho que faria por conta da amizade, mas que tinha declinado e a gente nem cogitou chamá-lo justamente por conta da grana. Mandei o que tinha disponível de verba e como eu poderia pagar. Paulo topou na hora, mas tinha condições. Seria a primeira vez que a gente iria gravar os instrumentos sem amplificadores e a bateria seria tocada na eletrônica, uma forma mais econômica e rápida de gravar o disco. Não gostei, porém não tinha alternativa. Ele me garantiu que iria ficar bom e que o som seria uma surpresa para mim. Como sempre Paulo Anhaia tinha razão. O disco tem uma sonoridade excelente, muito bem gravado.
O Paulão
(Carvalho) estava com uma ideia de juntar todas as músicas em uma única história
e fazer um álbum conceitual. Vínhamos conversando sobre isso e ele chegou numa
história interessante sobre um mundo dentro da garrafa que foi se desenvolvendo
ao mesmo tempo em que as músicas tomavam forma.
A treta
começou nesse momento. Os motivos? Primeiro financeiro. Paulão queria gravar 15
músicas sendo que duas delas eu não gravaria de jeito nenhum, nesse ponto eu
tinha um aliado forte. Paulo Anhaia não curtia também, achava que elas não
precisavam entrar no repertório, só seriam custo a mais no final. As duas
poderiam sair sem prejudicar a história criada pelo Paulão. Segundo o nome do
disco. Paulão queria que se chamasse “Ninguém beija como as lésbicas” e eu
queria “Ninguém beija como elas”, aqui o motivo era puramente mercadológico. Eu
sabia, por experiência, que um disco com lésbicas no título não seria vendido
em lojas nem ficaria exposto em locais públicos e eu precisava vender pra pagar
estúdios e os outros gastos que viriam. Paulão parecia ignorar meus dois
pedidos. Ele estava irredutível e por meu lado comecei a ficar muito chateado.
Porra, o cara não estava se colocando no meu lugar nem um minuto? Que caralho
de amigo era aquele? De chateado eu acabei ficando irritado. O pensamento mudou
para “estou colocando grana que não tenho pra fazer essa merda e continuar a
tocar o barco e o cara não abre mão de nada”.
Daí pra azedar tudo foi um pulo. Cheguei a pensar em parar, largar tudo
e falar pra ele fazer do jeito que quisesse. Esse era o clima dos ensaios.
Paulo Anhaia servia de psicólogo e tentava arrumar as coisas, mas estava
complicado. Até um dia que Paulão me chamou pra conversar. Sou um cara muito
complicado, nem tudo consigo por pra fora e nem sempre consigo transformar em
palavras o que penso. Um defeito sério. Chegamos a um acordo de paz. Ainda não estava tudo bem, mas teríamos
tranquilidade pra acabar o trabalho.
Ele cedia
sobre as músicas e eu aceitava “Ninguém Beija Como as Lésbicas”. Por conta do
nome do disco achei por bem mudar o planejamento de vendas. Investir muito mais
na venda direta e esquecer a distribuição em loja. Uma decisão acertada. Apesar
de não vender em quantidades gigantescas, toda a grana vinha pra banda e não
era dividida com distribuidores e vendedores. A lucratividade foi boa durante
os dois anos que durou a turnê. Vendas na nossa loja virtual e nos shows por um
preço melhor que teria nas lojas. Além disso a gente poderia pegar pesado na
parte visual e fazer alguma coisa muito mais artística e isso era um ponto
positivo e me dava argumento pra tirar o disco das lojas.
Tenho que
admitir que Paulão acertou, e muito, no nome do disco. Desde então eu aprendi a
confiar mais na sua intuição quanto a determinadas coisas. O Paulo Anhaia colocou testuras entre as músicas para costurar tudo como se fosse uma coisa só. Uma Ópera Rock!
Gravamos o
disco e, com o apoio da Ju Vechi pensando junto com a gente todo o visual (desenhou
todo o figurino e desenvolveu a ideia do encarte e palco) e do Weberson
Santiago fazendo as ilustrações, fizemos um trabalho visual que é uma
verdadeira obra de arte. A capa é linda, o encarte é perfeito, havia até um “libreto”
da nossa história dentro do site: “Ninguém Beija Como as Lésbicas – Uma ópera
tosca das Velhas Virgens”. Levamos esse show para o palco. Colocamos 10 das 13
músicas do disco ao vivo com um incrível sucesso. Paulão encarnava o Gênio da
Garrafa, a Ju se vestia de dona do Bordel com uma roupa elegante, a banda
estava com um figurino que nos dava um ar de “contador” da máfia dos cassinos.
Tudo relacionado com a capa do cd que era uma orgia maluca em preto e branco
imitando carta de baralho.
Tivemos algumas participações no disco, mas foi em Bortolotto Blues, que Paulão e Mário Bortolotto dão um show à parte!
Apesar de
toda a encrenca, brigas, intrigas e coisas novelescas que aconteceram durante
os ensaios e gravações deu tudo certo. No final todos queriam o melhor para o
trabalho, e fizemos um grande disco, gravado em 2009 e lançado em 2010!
Tivemos algumas participações no disco, mas foi em Bortolotto Blues, que Paulão e Mário Bortolotto dão um show à parte!
É o meu favorito tb
ResponderExcluirÉ tudo na bateria eletrônica? Caraca!!!
ResponderExcluirO Simon tocou numa eletrônica depois usamos plug ins pra deixar o som solto. Ficou bom, né?
ExcluirFoi o disco das Velhas que eu mais ouvi, e ainda ouço... gosto das texturas (que eu chamava de ligações ) entre as musicas;
ResponderExcluirTextura é mais, digamos poético, mas são ligações mesmo!
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPoxa, que bacana saber destas histórias.. Acho esse CD duca d+++.. Parabéns para todos vcs... Vcs são phodas!
ResponderExcluirEu acho esse disco sensacional também, desde o lançamento até hoje ele está no rádio do meu carro. Fui em vários shows da tour desse disco aqui no RS. Boas lembranças! Voltem logo pra Caxias do Sul. Não perco um show de vocês tem uns 10 anos!
ResponderExcluirValeu!!
ExcluirUma banda muito boa no passado, calcada em blues e agora virou mais do mesmo, músicas sem alma e som parecendo Sex Pistols. Para mim a banda acabou com o Sr. Sucesso, depois só fizeram m, fora os ao vivo o resto é uma b**.
ResponderExcluirSempre falamos em liberdade e você tem a liberdade de ter sua opinião, como nós temos a liberdade de discordar completamente. Som parecendo Sex Pistols? Acho que você não ouviu direito ou só ouviu uma ou duas músicas. mas beleza. cada um na sua! Paz.
ExcluirQual era o nome e sobre o que diziam as tais duas músicas?
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