"O BAR ME CHAMA" (2020) - Uma pandemia entre as Velhas e o bar!


Ilustração e design de Ju Vechi
Ilustração e Design de Ju Vecchi

    Chegou a hora de fechar as histórias das Velhas, contadas através dos discos. Uma longa jornada de mais de 30 anos. Começando nos anos 80 e só dando uma pausa nessa pandemia.
    Nesse intervalo lançamos duas coletâneas, uma com o melhor do Carnavelhas, "Do Jeito Que O Diabo Gosta", somente no digital e outra com as nossas baladas e blues mais chorosos, "Correndo Pra Encontrar O Meu Amor", em digital e físico.

Ilustra de Weberson Santiago e
Design de Ju Vechi

    Em meados de 2019, a turnê dos 30 anos estava chegando ao fim e iniciamos as gravações do um disco novo. 
    Fazia muito tempo que não entravamos em estúdio pra fazer um álbum completo, apenas nos reunimos para regravações de duas músicas para nosso bloco de carnaval: “Tromba do Elefante” e “Moreninha Linda”. 

Ilustração e Design de Ju Vechi

Foto de Rafa Rezende e
Design de Ju Vechi

    E também a regravação de “Retalhosde Cetim”, do Benito Di Paula, em Blues, hoje uma das mais ouvidas nas plataformas digitais. 
Foto de Rafa Rezende e
Design de Ju Vechi

Para o carnaval de 2020 gravamos “Fake News”, do Paulão, a primeira autoral depois de muito tempo.


Quem acompanhou a história sabe que passamos momentos muito ruins pouco antes dos 30 anos. Uma espécie de “Inferno Astral” e isso tirou nosso prazer de compor músicas para a banda, parecia que um inevitável fim estava chegando. Mas conseguimos fechar o ciclo de 30 anos e nos renovar para voltar a gravar.
Esse disco era para ser um EP, um "Extended Play", uma coisa entre o single de uma única música e um álbum completo. Teria 3 ou 4 músicas e se chamaria “Brechó Cintilante”. A ideia era fazer um lance que remetesse aos anos 70 com coloridos psicodélicos e uma estética sonora da época.
O trabalho foi ganhando outras perspectivas, mais músicas foram acrescidas ao repertório e muitas mudanças. Sim, apesar do público não gostar, há muitas mudanças nesse novo trabalho. A gente precisava e sentia falta de fazer outras coisas. Acreditamos que podemos e que merecemos isso. Chamamos um produtor que a gente nunca tinha trabalhado antes e entramos em estúdio para ensaiar.

Em pé: Fil, Simon, Tuca e Paulão. Sentados: Ju e Cavalo
Durante os ensaios o disco mudou de nome para “O Bar Me Chama”, foi uma proposta minha para o Paulão. Apesar de eu achar o “Brechó Cintilante” um nome poético e sonoro, era muito mais fácil de comunicar com “O Bar Me Chama”, sem contar que precisava dar menos voltas para passar o recado. A música pegou logo na primeira vez que a gente tocou. Um blues com riff de gaita e refrão pegajoso bem ao estilo das Velhas.
Gravar o disco foi tranquilo dessa vez. A gente tinha empresários que nos deram liberdade e uma verba para entrar em estúdio e fazer o trabalho no mínimo honesto. Uma reunião de boas canções e algumas que sabíamos que ia ser um ruído no repertório. Muita gente ia reclamar, mas que era pertinente e queríamos arriscar, como é o caso de “Não é Não”.
No estúdio o disco cresceu e virou um álbum com 10 músicas, sete inéditas, uma versão e duas das inéditas foram gravadas de forma diferente. “Leprechaun” tem uma versão só com as Velhas e outra muito louca com o “Terra Celta”, ótima banda de Londrina/PR. E “o Bar me chama” com versão normal e uma “gospel”, uma brincadeira com coros que a gente gosta muito de fazer.


Ideia original de capa.



A capa foi uma ideia que pintou num bar. A Ju Vechi desenhou num guardanapo um copo americano e escreveu “O Bar Me Chama”. Olhei aquilo e falei que a capa estava pronta. Era só finalizar!










Foi a primeira vez que lançamos o show antes do disco inteiro ser lançado. Começamos a tocar todo o repertório ao vivo assim que o single de “O Bar Me Chama” foi lançado. 
Capa do Single "O Bar Me Chama" por Ju Vechi.
Ouça o single "o Bar Me Chama" aqui
Virar uma turnê é sempre um momento complicado, ainda mais depois que você faz as 20 melhores músicas do repertório. Tinha que ser muito diferente do que a gente vinha tocando. Colocamos todas as músicas novas no set, recuperamos outras antigas e caímos na estrada. Em geral quem faz essa “curadoria” é o Paulão. Ele chega com a loucura toda e com o tempo e os shows andando, alinhamos as coisas. Saem músicas, entram outras e o show vai afinando.

Protótipo do encarte do CD "O Bar Me Chama"
Esse single e o turnê “o Bar Me Chama” iniciaram um novo ciclo. O mundo mudou e nós mudamos também, não sei se melhor ou pior, com certeza, diferentes. Temos nossas divergências e cada um tem suas convicções, uma forma particular de ver o mundo. Tentamos, na medida do possível, e nem sempre é possível, respeitar isso um no outro. Aprendemos a ouvir um pouco mais e a ter menos certezas. Ajudou na convivência.
Não sei se virão outros 30 anos, mas a gente vai, um dia de cada vez, tentar depois que essa loucura passar e podermos atender ao chamado do bar!

Comentários

  1. Menotti Russo (roxmi58)6 de junho de 2020 às 10:22

    Acompanhei pela mídia a fase complicada das VV mas só lendo a “real” por aqui é que minha ficha caiu! Confesso que nunca cheguei a imaginar o fim da banda, mas nas entrelinhas do blog fica claro que essa ameaça existiu!

    Enfim, quem curte música, sabe que as bandas mudam: estilos, músicos, direções, sei lá..., mas a essência fica! As VV vieram pra ficar e sempre estarão com a gente. Projetos paralelos, experimentos, etc. - tá tudo valendo, mas sempre que as VV se reunirem muitos fãs vão aparecer e curtir... muito!

    Acompanhei os singles pelo Spotify e, de “Brechó Cintilante” a “Não é Não!”, pode-se sentir agora a liberdade do grupo em se expressar de novas e velhas formas – todas bem vindas! Então, que venha logo o novo álbum, novos shows e muita diversão desencanada! A história não terminou, claro... longa vida às VV, à sua independência e ao rock, ao blues, ao carnaval e o escambau!

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